domingo, 3 de janeiro de 2016

ANO NOVO, SÓ PELO AFETO

O casal de pombinhos amando no ninho na varanda da casa foi o primeiro fato que vivi em 2016.
Belo fato para iniciar o novo ano em que as pessoas planejam melhorar de vida e amar freneticamente, mais que anos passados!
Penso. Por que será que os animais se amam sem medo no lugar escolhido?
Por que os animais têm liberdade inata?
E, por que eu, para  amar, tenho que me esconder, separar dos outros até no segredo?
Os instintos não são naturais?
Por que os humanos não têm liberdade para manifestar o prazer dos instintos?
Confesso que nunca entendi essa discriminação entre os seres da natureza!
Respostas existem à vontade e para toda escolha. Desde o código romano que ensinava que a mulher era a que desídia a quem amar, como e até quando, até as normas dos humanistas do século XV,  J. Rousseau, mais tarde Freud e, na atualidade a orientação do cientista alemão Norbert Elias, como observamos nos texto abaixo descrito.
Norbert Elias, na obra “El Proceso de la Civilización; investigaciones sociogenéticas y psicogenéticas”, mediante exaustivas análises de textos dos séculos XV, XVI e XVII, que tratam sobre a educação da juventude, verifica que a conduta das pessoas está determinada, principalmente, pela contenção e pelo domínio do afeto. Ao constranger os sentimentos, a emoção e a realização satisfatória dos impulsos, mediante o permanente controle dos sentidos, os indivíduos mudam de comportamento pessoal e social. Entre os textos estudados e que fundamentam suas teorias, destaca-se o tratado “De Civilitate Morum Puerilium”, do famoso humanista Erasmo de Rotterdam, Colônia,1530. Elias dá a entender que os princípios pedagógicos de Erasmo de Rotterdam formam a base do lento processo civilizatório do ocidente (ELIAS,1993). Ele mostra, habilmente, como a conduta humana e a prática social tem a origem no desenvolvimento da afetividade na sua livre relação entre as pessoas, coisas e fenômenos, mostrando ainda que: “O câmbio de comportamento e de vida afetiva que são denominados de CIVILIZAÇÃO, depende da interpelação intensa dos seres humanos e de sua crescente interdependência” (ELIAS,1993:517).
 A prática humana e social é o expoente do fator afetivo que rege a vida pessoal e íntima das pessoas e esse somente pode ser apreendida a partir do questionamento permanente à interrelação subjetiva existente entre as pessoas dos grupos comunitários que configuram a história e seu meio ambiente. Tanto o desenvolvimento da ciência natural como o da experiência pessoal pode mostrar a estreita interconexão e a funcionalidade existente entre todos os objetos e fenômenos.
A relação funcional entre os seres da natureza se fundamenta na afetividade dos seres humanos, animais e vegetais.
Quem domina a afetividade das pessoas, animais, vegetais e minerais comandam os seres da natureza. Quem respeita a afetividade entre os humanos e demais seres existentes estabelecem a harmonia do Paraíso já, infelizmente, perdido, por seguir normas convencionais de competição e de propriedade particular sobre pessoas, terra e mercadorias.
Diariamente constatamos os conflitos dos políticos e religiosos conservadores que defendem propriedade mental e material sobre a relação natural afetiva e a das pessoas oprimidas que defendem a liberdade nas relações humanas e sociais, mediante o diálogo honesto.

                                   

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