O casal de pombinhos amando no ninho na varanda da casa foi o primeiro fato que vivi em 2016.
Belo fato para iniciar
o novo ano em que as pessoas planejam melhorar de vida e amar freneticamente,
mais que anos passados!
Penso. Por que será que
os animais se amam sem medo no lugar escolhido?
Por que os animais têm
liberdade inata?
E, por que eu,
para amar, tenho que me esconder,
separar dos outros até no segredo?
Os instintos não são
naturais?
Por que os humanos não
têm liberdade para manifestar o prazer dos instintos?
Confesso que nunca
entendi essa discriminação entre os seres da natureza!
Respostas existem à
vontade e para toda escolha. Desde o código romano que ensinava que a mulher
era a que desídia a quem amar, como e até quando, até as normas dos humanistas
do século XV, J. Rousseau, mais tarde
Freud e, na atualidade a orientação do cientista alemão Norbert Elias, como
observamos nos texto abaixo descrito.
Norbert
Elias, na obra “El Proceso de la
Civilización; investigaciones sociogenéticas y psicogenéticas”, mediante
exaustivas análises de textos dos séculos XV, XVI e XVII, que tratam sobre a
educação da juventude, verifica que a conduta das pessoas está determinada,
principalmente, pela contenção e pelo domínio do afeto. Ao constranger os
sentimentos, a emoção e a realização satisfatória dos impulsos, mediante o
permanente controle dos sentidos, os indivíduos mudam de comportamento pessoal
e social. Entre os textos estudados e que fundamentam suas teorias, destaca-se
o tratado “De Civilitate Morum Puerilium”,
do famoso humanista Erasmo de Rotterdam, Colônia,1530. Elias dá a entender
que os princípios pedagógicos de Erasmo de Rotterdam formam a base do lento
processo civilizatório do ocidente (ELIAS,1993). Ele mostra, habilmente, como a
conduta humana e a prática social tem a origem no desenvolvimento da
afetividade na sua livre relação entre as pessoas, coisas e fenômenos,
mostrando ainda que: “O câmbio de
comportamento e de vida afetiva que são denominados de CIVILIZAÇÃO, depende da
interpelação intensa dos seres humanos e de sua crescente interdependência” (ELIAS,1993:517).
A prática humana e social é o expoente do
fator afetivo que rege a vida pessoal e íntima das pessoas e esse somente pode
ser apreendida a partir do questionamento permanente à interrelação subjetiva
existente entre as pessoas dos grupos comunitários que configuram a história e
seu meio ambiente. Tanto o desenvolvimento da ciência natural como o da
experiência pessoal pode mostrar a estreita interconexão e a funcionalidade
existente entre todos os objetos e fenômenos.
A relação funcional
entre os seres da natureza se fundamenta na afetividade dos seres humanos,
animais e vegetais.
Quem domina a
afetividade das pessoas, animais, vegetais e minerais comandam os seres da
natureza. Quem respeita a afetividade entre os humanos e demais seres
existentes estabelecem a harmonia do Paraíso já, infelizmente, perdido, por
seguir normas convencionais de competição e de propriedade particular sobre
pessoas, terra e mercadorias.
Diariamente constatamos
os conflitos dos políticos e religiosos conservadores que defendem propriedade
mental e material sobre a relação natural afetiva e a das pessoas oprimidas que
defendem a liberdade nas relações humanas e sociais, mediante o diálogo
honesto.
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