segunda-feira, 25 de maio de 2015

MUDAR É POSSÍVEL

Vejam. Quando cheguei a Sete Lagoas 53 anos atrás governava a cidade o prefeito Vasconcelos Costa. Descendente de uma família tradicional da cidade. Ele, nem morava na cidade, mas era político profissional e erudito. As poucas famílias, corporações e instituições dominantes o buscaram e, afiliado, oficialmente ao partido União Democrática Nacional-UDN- o elegeram prefeito. Mera coincidência com a situação do atual prefeito. Esses grupos dominantes tinham fortes laços com as instituições mais poderosas da cidade: a Cooperativa Agrícola; o Banco Agrícola; o Banco do Estado-BMG- a Associação Comercial e Industrial - Acisel - ; Central do Brasil; Rotary Club e Lyons e sobretudo a Maçonaria e igrejas, sobressaindo a católica, simbolicamente dominante pelos nomes da maioria de bairros e instituições escolares e de saúde. Hospital Nossa Senhora das Graças, propriedade da Diocese; Escola Normal Regina Pacis, formação das professoras primárias do Estado e Município e das esposas preferidas dos fazendeiros e famílias de grandes comerciantes e burocratas do Estado ou Municípios da região; Colégio Dom Silveiro, onde estudavam os filhos das famílias poderosas, preparados para poder fazer carreira profissional liberal na capital; bairro Santo António, São José, São Geraldo, Santa Luzia e mais recente, bairros Nossa Senhora das Graças, Carmo, São Pedro, Lourdes e a invocação de Santa Helena, origem de nomes de Serra, empresas e comércios. Essas instituições eram fortalecidas, protegidas e asseguradas pela Polícia Militar, a instituição que, verdadeiramente sempre interferiu nas decisões mais graves dos processos de mudanças relativas da cidade e hoje fortalecida pela presença de quartéis militares, além das instituições corporativas da jurisprudência das Procuradorias e a Ordem dos Advogados (OAB).
Novas forças se incorporam ao tecido governamental da cidade através das corporações onipotentes dos médicos, engenheiros, meios de comunicação ( chamados de o quarto poder), sindicatos dos trabalhadores do ensino ( SINDTE). Os outros sindicatos são meros instrumentos dos grupos dominantes (pelegos)
Os prefeitos e outras autoridades civis, afiliados em partidos políticos que mudam de nome conforme os interesses dos grupos hegemônicos municipais, nacionais e internacionais são eleitos no jogo democrático nas mesas dos interesses de essas forças tradicionais e conservadoras e de outras forças que, como os evangélicos, vão aparecendo conforme as relativas mudanças nas nações mais poderosas da sociedade capitalista em que estamos inseridos.
“ Não acho que o socialismo possa ser criado a partir de sociedades analfabetas e pobres. Temos que começar a ficar cansados das besteiras do capitalismo e sua sociedade, feita das eternas classes sociais. ” (José Mujica, ex-presidente do Uruguai)
É possível mudar essa situação de poder?
Sim, mas sendo indignados e organizar movimentos para juntos repensar o capitalismo e apresentar novas propostas de governo da cidade. Os jovens e as pessoas que vivem nas periferias da cidade interferiram e podem interferir muito mais para mudanças realistas.


sábado, 9 de maio de 2015

O SORRISO DA MÃE

Eu sorrio porque o dia em que nasci senti que minha mãe sorriu-me. Desde aquele longínquo dia jamais deixei de sorrir.
Aquela impressão na tabua lisa do meu cérebro irradiou todos neurônios até o presente momento e será muito difícil dissipar. Na névoa daquele primeiro sorriso senti que estava bem. Muito bem. Soube que meu primeiro encontro com o outro diferente de mim era minha mãe que, além de sorrir, me acalentava com suave pele e o quente alento. Os bicos das mamas da mãe colados nos meus lábios sustentavam a tenra vida pela seiva natural do leito materno. Minha mãe foi, agora eu sei, minha primeira transa com o outro e, por primeira vez experimentei o que era a plena satisfação
  Sorri, esquentei, palpei, chupei o alimento vegetal que verte do outro como a água da nascente da floresta que desliza, rega, rola, vitaliza. Descobri a ligação vital dos instintos naturais com a mãe gente e com a mãe ecológica. A relação prazerosa se torna atividade sensual, comunicativa, nutritiva, aberta aos seres vivos. Assim, inconsciente, ainda, vivi a religião. Religião que evoca a união simbiótica com o cosmos na sua evolução criativa permanente.
Oh força, oh potência da natureza, a quanto se expande, e quão extensos limites tem a satisfação dos instintos!

O clamor popular ensina que a mulher amada se parece ao rosto, corpo e alma da primeira mulher que amei quando a este mundo cheguei.  É provável. Os semelhantes se atraem na paixão do amor, feito sorriso de mãe.