terça-feira, 22 de outubro de 2013

A CLASSE MEDIA SOBE, A BURGUESÍA MASCARA

Dia 10 de outubro de 2013 os três grandes da economia das finanças, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Mundial e a Comissão Europeia intitulados de “ Troika” informaram às nações do planeta que as classes medias dos países da América-Latina sobem os degraus da escada da sociedade de classes, que, como se sabe, há séculos, está desenhada em classe trabalhadora, classe de serviços e classe de profissionais liberais. A classe trabalhadora se situa nos degraus inferiores da pirâmide social contemporânea; a classe dos servidores e funcionários burocratas ocupam os espaços do meio da pirâmide. Por isso, se chama classe média. É a classe que está na metade do diagrama triangular. Por fim, na cúspide da pirâmide estão os que mandam, ordenam, dirigem, planejam e gozam das belezas panorâmicas das alturas dos bens produzidos e dos bens da natureza. No topo da pirâmide social está a classe burguesa, constituída pelos donos do poder econômico, militar, bancário, eclesial, empresarial, rural, os meios de informação, cientistas e hoje, infelizmente, os comandantes das ocultas máfias dos negócios espúrios como drogas, armas, jogos de azar, mercenários diversões, etc. Neste panorama social classista a classe média, historicamente sempre há lutado e muito para manter os degraus da escada social, como uma conquista de seu esforço e de sua habilidade competente, mas as classes medias, como um todo, se esforçam para jamais voltar aos degraus inferiores, dos quais têm horror. Mas as classes medias se organizam para todavia subir mais e mais os degraus da escada do status social. Esta situação sociológica é uma tendência natural como ensinam os cientistas sociais: a pessoa humana sempre tende imitar os maiores e os melhores. Em geral, são os que vivem sempre na frente. No topo. Trata-se da imitação do herói. Por isso, os donos do poder, como japoneses, americanos e , hoje chineses, promovem indivíduos estrelas, super-heróis a fim de puxar dada vez mais essa tendência ao crescimento e competência pessoal. O problema está em que, durante séculos, as elites do poder, manipulam as classes inferiores estimulando essa tendência natural ao crescimento pessoal e comunitário. Nessa manipulação das massas e, sobretudo, nas classes medias, os ricos ficam mais ricos e os pobres mais pobres e as classes medias se afogam, como o suplício do Tântalo, querem usufruir dos bens produzidos e naturais, mas, cada vez está mais difícil, quase impossível, porque o espaço do topo da pirâmide é pequeno para tantos que desejam subir e os donos desse espaço jamais querem descer. Preferem morrer ou matar. Os protestos A “ Troika” representando os donos do topo mais uma vez vem à tona para dar explicações dos movimentos sociais populares que se estendem por toda América Latina, como no Brasil no mês de junho passado. Seu prognóstico começa mostrando que, nas últimas décadas, a classe inferior e os excluídos ingressaram, pelo avanço da economia e pela oferta de empregos à classe media y , agora, essa classe média está revoltada, porque as ofertas do mercado global desapareceram, aos poucos, até minguar quase totalmente. A Troika, ainda, adverte que os próximos anos o crescimento dos países emergentes terá percentagem negativa. E, como os médicos ante o enfermo grave, receitam antibióticos para que o organismo humano reage e, depois da devida convalescência, talvez, possa se levantar e voltar para o convívio humano. Os antibióticos da Troika são diminuir gastos sociais, como aposentadorias, salários, crédito, empregos, saúde, educação, moradias. Os movimentos das classes médias são estimulados pela moderna tecnologia da cibernética, mediante as redes sociais, utilizadas pelos donos do mercado global para mobiliar esses movimentos de demandas a fim de se conformarem com as marchas, acreditando que algo mudará, devido as marchas. Em quando a sociedade seja dirigida, como há séculos, pelo capital, a situação social será o que há anos previa a canção popular do Ladrão: “ agora que estou crescido iniciei a vida maldosa. A roubalheira é a minha profissão que exerço cada dia” E o dinheiro converte a lealdade em traição, o amor em ódio e o ódio em amor, a virtude em vício e o vício em virtude, aos servo em senhor e o senhor em servo, a estupidez em talento e o talento em estupidez, ou segundo a propaganda dos bancos americanos: o dinheiro trabalha para você. A receita da Troika planeja, mais uma vez, usar a classe média que deseja subir para entrar no jogo do poder político para que a sociedade continue conservadora , ou seja como está. Dividida em classes sociais como se essa situação fosse próprio da natureza, quando se sabe que jamais foi assim. A situação da classes é crida pelos que imperam e gozam no topo do poder.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

SEM COMUNIDADE NÃO SOU NINGUÉM

Pensa comigo, leitor- Quem foi que me trouxe neste mundo de pessoas, animais, plantas e perspectivas? Quem foi? Foram meus pais que se amaram, seguindo a natureza, e eu apareci. Sem a participação do pai e da mãe parece inviável minha existência nesse mundo tão complexo. Os pais da gente formam um par de pessoas. São dois. Um conceito plural que progride para outros muitos conceitos de seres criados que nos cercam, marcam, delimitam e dignificam. Os poucos ou os muitos sujeitos, sempre unidos, formam famílias, grupos de parentesco, grupos tribais, grupos rurais, grupos urbanos organizados em grêmios, fábricas, associações, sindicatos, igrejas, escolas, clubes, povoados, cidades e modernamente, seguindo ditames do mercado competitivo, em metrópoles de Estados tidos como independentes politicamente pensando. Dentro desse emaranhado de grupos humanos sempre se encontra um conjunto de pessoas que formam micro ou macro comunidades criativas e relacionadas entre si e em ações cooperativas, consciente ou inconscientemente. No caso da gente, um fato aparece com evidência. A comunidade me cria, forma, desenvolve e situa no espaço e tempo em que me toca viver como ser único e relacionado. Vejamos. Meu pai morreu de apendicites supurada quando tinha 35 anos. Em 1934 a penicilina ainda não era aplicada. Minha mãe viúva de 24 anos e dois filhos pequenos foi apreender uma profissão na capital do Estado. Se deslocou de uma comunidade para outra. Os filhos ficaram com os avós paternos até minha mãe formar e montar uma pequena empresa na cidade. A empresa se formou com a cooperação da mãe e pessoas da cidade natal, além de pessoas da capital e até do país. Não sofri nenhum trauma até agora, pois o ambiente familiar e social continuava propício. As relações familiares e sociais sadias me proporcionaram uma convivência infantil e uma adolescência aventureira, apesar de viver em guerra civil entre comunistas e franquistas e a guerra mundial entre os aliados capitalistas e os fascistas alemães, italianos e japoneses. Desses tempos somente tenho agradáveis lembranças, graças a força da comunidade familiar e social da cidade. Ainda adolescente tomei a frente da empresa familiar, composta de cosméticos, roupas e representações de modas de grandes fábricas de Barcelona. O poder católico da cidade era marcante, por isso aos 16 anos, movido por circunstâncias locais da comunidade que me criou e formou, optei por seguir os conselhos de Dom Quixote na hora de escolher a profissão: casa real, mar ou igreja, onde se deve entender por ser militar, comerciante, ou religioso. Escolhi ir ao seminário. As famílias da cidade me pagaram os estudos e moradia na capital do Estado até formar-me padre. Na década do cinquenta a comunidade mundial vivia o pesadelo do comunismo que dominava metade do mundo. Lembro que eu mesmo tinha pavor ao comunismo, porque me colocaram na mente juvenil que os comunistas tiravam as moradias das pessoas, as terras e os bens. Produtos com os quais eu cresci e vivi muito feliz. O Papa Pio XII organizou uma cruzada para que religiosos católicos de Europa fossem trabalhar no terceiro mundo para que essas partes do mundo não caíssem em poder dos comunistas. Eu e mais três colegas nós oferecemos voluntários para ir a América Latina e nos incorporaram aos pedidos dos bispos do Brasil. Durante quatro anos estudamos no Colégio Maior Teológico no Campus da Universidade de Madri, junto a outros jovens que também se preparavam para partir pelo mundo, recebendo conhecimentos da língua, costumes e cultura do pais escolhido para colaborar durante um período, selado por um acordo entre as comunidade católica da diocese original-meu caso, Mallorca- e a comunidade formada pela Organização de Cooperação Sacerdotal Hispano Americana, com sede em Madrid e a comunidade católica da diocese escolhida no Brasil- Sete Lagoas- O acordo era de cinco anos e era assinado por todos os envolvidos. Cumpridos os cinco anos se podia renovar ou rescindir o contrato com a diocese escolhida ou entrar em outra comunidade. A comunidade cristã do Brasil e a comunidade de Sete Lagoas viabilizou o desenvolvimento dos objetivos pessoais e sociais que o grupo de padres espanhóis e a diocese de Sete Lagoas projetaram. Mais uma vez aparece o papel fundamental da comunidade na vida da gente, tanto para existir, como para conviver e crescer como pessoa e como ser comunitário criativo. Estes fatos narrados da minha vida, como a de todos os nascidos, provam que a força que move a sociedade humana emerge da comunidade. A vida da gente é andar com a comunidade. Sem a comunidade ninguém pode existir, nem progredir, nem educar-se. A comunidade não tira nada de ninguém. A comunidade local, regional, nacional e mundial é como o colo da mãe. Somente sabe gerar vida na brasa do amor que jamais perece. .