Estava dialogando com um amigo, manifestando minha sensual
delícia de sorver bons vinhos e saborear as apetitosas iguarias caseiras. Pena
que o gozo é freado pela vigilância sanitária, devido a idade.
Ai, o bom amigo me questiona: -
- Bobo, aceita, de modo realista, as limitações humanas
naturais do corpo. Não como uma fraqueza ou limites, mas como um sinal para
desfrutar outros gozos, também sensuais e deliciosos que ainda podem ser
descobertos, inseridos, digeridos e aumentados até.
Lembra a meditação do
livro dos Atos dos Apóstolos donde Deus falou a Pedro que “ nenhum homem é impuro ou profano” ( At. 10, 28).
- Pensando bem, amigo, disse eu, você tem toda razão do
mundo. O Criador não pode criar criaturas imperfeitas. Tudo o que vem de Deus é
sagrado. “ A vida é a luz eterna dos
homens” ( Jn, 1, 10) A tendência humana para fazer o bem é indicio da
presença do Espírito no interior do templo do corpo humano. ( I Cor.12, 27-31).
Nossa crença está prenha de idéias estranhas a experiência de
Deus na pessoa humana e a interpretação da palavra de Deus, da Tradição e dos
sentimentos humanos nos contatos com seres da natureza que emergem do Criador.
É uma realidade experimentar nossa limitação e até fraquezas,
mas também experimentamos, sobretudo, o gozo de sermos filhos de Deus. “ Vinde, benditos do meu Pai! Tomai posse do
Reino, preparado desde a criação do mundo. O que fizestes a um dos menores
desses meus irmãos, a mim o fizestes”
(Mat.25, 34-40)
O amigo insistia em que, há muitos anos recebemos na família, escola e
sociedade uma educação maniqueísta. Palavra emergente da filosofia persa e do
pensador religioso Maniquei, dos primeiros séculos do cristianismo, que adotava
os eternos conflitos cósmicos entre os deuses do bem e do mal, presentes nas mitologias.
- Amigo! Confesso-te que me costa muito aceitar a crença de
que somos radicalmente maus. Essa crença só serve para fomentar a culpa nas
pessoas que, querendo fazer o bem que desejam, fazem o mal que não querem (
Rom. 7,21- 25).
Esta educação fomenta o medo que leva a uma sujeição que nada
tem a ver com os ensinamentos e obras de Jesus de Nazaré. Muito tem a ver com o
sistema econômico atual.
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