Dias atrás me encontrei com o amigo Zé e falamos de assuntos
pessoais e, aos poucos, de assuntos políticos, econômicos e religiosos do
Brasil. O que mais me chamou a atenção é que, o
pensamento desse homem, reflete o pensamento quotidiano da mídia nacional. A
mentalidade do Zé é elaborada pelas noticias diárias e bombásticas dos
telejornais. Aceita, sem restrição, as notícias da mídia e até, com ironia, as
defende com mais euforia que os subservientes jornalistas habilitados pelas
escolas do sistema social.
Ele é católico de carteirinha. É dogmático, tradicional
e conservador como a mais fundamentalista barata de sacristia. A amizade com o Zé vem de longa data. Depois desse novo encontro, percebi as diferenças
de mentalidade entre ele e eu em relação a política, economia, religião e
situação social contemporânea. Essa conversa fez-me lembrar a cruel frase de
sábio Einstein: “ O mundo muda muito
divagar, a mentalidade humana jamais”. Aludindo aquela frase bíblica,
evolutiva, do livro Eclesiastés,( 1-,9)
Nessa célebre frase, não consigo perceber o Einstein honesto.
A teoria da relatividade que ele divulgou mudou, e, muito, o comportamento
social e a mentalidade humana contemporânea. Hoje até o tradicional Vaticano e
o judaísmo se aderiu à evolução do comportamento humano e as novas tecnologias
inventadas diariamente pela inteligência humana que modificaram o panorama
mundial de modo significante e menos solidário, apesar da descarga informativa
instantânea. O Zé não tem idéias próprias. Parece que, de nossos longos
encontros, só ficou a amizade.
Esse fato e a atualização do pensamento bíblico do
livro do Eclesiastes se relacionam ao sábio pensamento original do escritor e
político João Guimarães Rosa quando, analisando a
sociedade afirma: “ Eu toda a minha vida pesei por mim. Sou nascido diferente. Eu sou é
eu mesmo. Diverjo de todo o mundo...Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de
muita coisa”( Rosa, Grande Sertão:Veredas. Nova Fronteira, Rio de Janeiro,
1986. P.8)
Em julho, estando no
Rio de Janeiro, fui presenteado com o último romance do genial escritor e
cientista italiano Umberto Eco, intitulado Número
Zero. Um grupo heterogêneo de habilitados jornalistas e escritores
autodidatas tentam organizar e publicar o jornal Amanhã, número zero, que
jamais sairá a luz. O romance mostra que todo jornal é negócio como outros. O
que vale é vender. As notícias e informações são ,dize o romance: ”O jornais mentem, os historiadores mentem, a televisão hoje mente”.
( Eco, Número zero, Record, Rio de Jameiro, 2015, p. 43). O romance quer
demonstrar a tese de que tudo é mentira. Mais ainda, esses dias saíram, na
Europa dois livros que narram que a história da famosa guerra do Waterloo (
1815) não conta a verdadeira causa da derrota de Napoleão. A história que ensanguentou Europa é outra.
Apesar desses argumentos sérios, o senhor Zé acredita pelo
menos defende as notícias e informações dos jornais, televisões, internet. Ou
seja a opinião da população é condicionada pela imprensa ou mídia, totalmente
dependente do movimento e interesses do deus mercado.
Neste sentido, podemos dizer que a mente humana não muda. A
mente é escrava do mercado e seus melífluos produtos. A liberdade é pura ilusão
e muita tragédia.
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