segunda-feira, 24 de agosto de 2015

AS MENTIRAS SOCIAIS.


Dias atrás me encontrei com o amigo Zé e falamos de assuntos pessoais e, aos poucos, de assuntos políticos, econômicos e religiosos do Brasil. O que mais me chamou a atenção é que, o pensamento desse homem, reflete o pensamento quotidiano da mídia nacional. A mentalidade do Zé é elaborada pelas noticias diárias e bombásticas dos telejornais. Aceita, sem restrição, as notícias da mídia e até, com ironia, as defende com mais euforia que os subservientes jornalistas habilitados pelas escolas do sistema social.
 Ele é católico de carteirinha. É dogmático, tradicional e conservador como a mais fundamentalista barata de sacristia. A amizade com o Zé vem de longa data. Depois desse novo encontro, percebi as diferenças de mentalidade entre ele e eu em relação a política, economia, religião e situação social contemporânea. Essa conversa fez-me lembrar a cruel frase de sábio Einstein: “ O mundo muda muito divagar, a mentalidade humana jamais”. Aludindo aquela frase bíblica, evolutiva, do livro Eclesiastés,( 1-,9)   
Nessa célebre frase, não consigo perceber o Einstein honesto. A teoria da relatividade que ele divulgou mudou, e, muito, o comportamento social e a mentalidade humana contemporânea. Hoje até o tradicional Vaticano e o judaísmo se aderiu à evolução do comportamento humano e as novas tecnologias inventadas diariamente pela inteligência humana que modificaram o panorama mundial de modo significante e menos solidário, apesar da descarga informativa instantânea. O Zé não tem idéias próprias. Parece que, de nossos longos encontros, só ficou a amizade. 
Esse fato e a atualização do pensamento bíblico do livro do Eclesiastes se relacionam ao sábio pensamento original do escritor e político João Guimarães Rosa quando, analisando a sociedade  afirma: “ Eu toda a minha vida pesei por mim. Sou nascido diferente. Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo...Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa”( Rosa, Grande Sertão:Veredas. Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1986. P.8)
 Em julho, estando no Rio de Janeiro, fui presenteado  com o último romance do genial escritor e cientista italiano Umberto Eco, intitulado Número Zero. Um grupo heterogêneo de habilitados jornalistas e escritores autodidatas tentam organizar e publicar o jornal Amanhã, número zero, que jamais sairá a luz. O romance mostra que todo jornal é negócio como outros. O que vale é vender. As notícias e informações  são ,dize o romance: ”O jornais mentem, os historiadores mentem, a televisão hoje mente”. ( Eco, Número zero, Record, Rio de Jameiro, 2015, p. 43). O romance quer demonstrar a tese de que tudo é mentira. Mais ainda, esses dias saíram, na Europa dois livros que narram que a história da famosa guerra do Waterloo ( 1815) não conta a verdadeira causa da derrota de Napoleão. A história que ensanguentou Europa é outra.
Apesar desses argumentos sérios, o senhor Zé acredita pelo menos defende as notícias e informações dos jornais, televisões, internet. Ou seja a opinião da população é condicionada pela imprensa ou mídia, totalmente dependente do movimento e interesses do deus mercado.
Neste sentido, podemos dizer que a mente humana não muda. A mente é escrava do mercado e seus melífluos produtos. A liberdade é pura ilusão e muita tragédia.


Nenhum comentário:

Postar um comentário