RAÍZES DA JUSTIÇA EM GRANDE SERTÃO; VEREDAS
“ Eu queria decifrar as coisas
que são importantes. E estou contando
não é uma vida de sertanejo, seja se for
jagunço, mas matéria vertente. ( Rosa,
1986:83)
Os fatos, os acontecimentos, as personagens,
nítidas visões do sertão dos lados, do sertão de dentro e do grande sertão que
não acaba, revelam a alma coletiva do povo que, no dizer do Riobaldo
“atura remoque de todo, reparte no miúdo
de cada dia, tão penoso aborrecido. Mas cada indivíduo só vê e entende as
coisas dum seu modo...Só eu que sou capaz
de fazer e acontecer.” (Rosa,1986:111- 105)
No
redemoinho do sertão de cada dia, toda figura humana cria, devagar, suas
veredas de vida e morte.
A
narração épica relatada por Riobaldo, está inspirada na conduta humana de
remotas comunidades sertanejas. O conhecimento pessoal é conduzido pelo
vibrante movimento da vida a traves do significado das palavras, imagens
fulgentes da comunicação intersubjetiva que identifica a atividade na
comunidade humana. Cada palavra, na narrativa rosiana, está prenha de plenitude,
tão plena que, em certo sentido, pode explodir e criar nova vida, pois toda
ação principia mesmo é por uma palavra pensada. Palavra pegante , dada ou
guardada, que vai rompendo rumo (
Rosa,1996:154).
Sem dúvida o “rumo” dos grupos hegemônicos, fazendeiros,
tropeiros, sertanejos, jagunços,arrieiros, vaqueiros, boiadeiros, meeiros,
capiaus, comerciantes, militares, igrejas e catrumanos etc. encontrados, durante séculos, na sociedade
agrícola feudal do Brasil, confirmam que a expressão rosiana de que “uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é
lidar com país de pessoas , de carne e sangue, de mil-e
tantas misérias...” ( Rosa,1986)
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