segunda-feira, 28 de abril de 2014

ENCONTRO COM ROSA- IX ERAR 2014-


 
RAÍZES DA JUSTIÇA EM GRANDE SERTÃO; VEREDAS
 
 
“ Eu queria decifrar as coisas que são importantes. E estou contando  não é uma vida  de sertanejo,    seja se for  jagunço,  mas matéria vertente. ( Rosa,   1986:83)

 
A Palavra

       A frase do frontispício que abre o estudo sobre A Alma Coletiva de Rosa vem sendo, mansa e minuciosamente falada pelo protagonista Riobaldo, da obra Grande Sertão, Veredas, referência permanente dessa reflexão.

 Os fatos, os acontecimentos, as personagens, nítidas visões do sertão dos lados, do sertão de dentro e do grande sertão que não acaba, revelam a alma coletiva do povo que, no dizer do Riobaldo “atura  remoque de todo, reparte no miúdo de cada dia, tão penoso aborrecido. Mas cada indivíduo só vê e entende as coisas dum seu modo...Só eu  que sou capaz de fazer e acontecer.” (Rosa,1986:111- 105)

No redemoinho do sertão de cada dia, toda figura humana cria, devagar, suas veredas de vida e morte.

A narração épica relatada por Riobaldo, está inspirada na conduta humana de remotas comunidades sertanejas. O conhecimento pessoal é conduzido pelo vibrante movimento da vida a traves do significado das palavras, imagens fulgentes da comunicação intersubjetiva que identifica a atividade na comunidade humana. Cada palavra, na narrativa rosiana, está prenha de plenitude, tão plena que, em certo sentido, pode explodir e criar nova vida, pois toda ação principia mesmo é por uma palavra pensada. Palavra pegante , dada ou guardada, que vai  rompendo rumo ( Rosa,1996:154).
Sem dúvida o “rumo” dos grupos hegemônicos, fazendeiros, tropeiros, sertanejos, jagunços,arrieiros, vaqueiros, boiadeiros, meeiros, capiaus, comerciantes, militares, igrejas e catrumanos etc.  encontrados, durante séculos, na sociedade agrícola feudal do Brasil, confirmam que a expressão rosiana de que  “uma coisa é pôr idéias arranjadas, outra é lidar  com país  de pessoas , de carne e sangue, de mil-e tantas misérias...” ( Rosa,1986)

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