POLÍTICA E RELIGIÃO.

Escrevo este blog dia 12 de março de 2013. São 08,08 horas em Brasília e 12, 10 horas em Roma. Está acabando a missa solene que introduze o histórico Conclave de 115 cardeais do mundo reunidos e fechados, simbolicamente a chave, para escolha do 266 Papa da História da Civilização Ocidental e Cristã, base da Igreja Católica Apostólica Romana.

            Nesse  mesmo dia,  e horas, as potências mundiais estão, também em vigia ante a continuação da  guerra entre as Coreas do Norte e do Sul. Corea do Norte ameaça desatar a guerra nuclear e Estado Unidos, sinala seu poderio nuclear sobre o mundo.

            Na leitura que acabo de fazer dos principais jornais do mundo, somente o The New York Time informa sobre as duas modernas reuniões mundiais: o Conclave e a conspiração da guerra nuclear do terceiro milênio.

            A relação entre religião e poder não é novidade. Desde o início do mundo andaram relacionadas. O sociólogo alemão Norbert Elias, na obra El proceso de la Civilización: Investigaciones  sociogenéticas y psicognéticas, Madrid, Fondo de Cultura Económica, 1993 confirma essa relação. Os sacerdotes dos templos do Egito reuniam o poder religioso, econômico, científico e mais tarde militar. Os problemas para o mundo iniciaram quando se enfrentaram e separaram os poderes religiosos e militares.

             O Niall Ferguson, renomado historiador inglês e professor atual em Harvard, Oxford e Stanford, EEUU, na obra Civilização: Ocidente X Oriente. São Paulo, Planeta, 2012 descreve: “ em 2007 Hu  Jintao presidiu, no Politburo uma “sessão de estudos” sem precedentes sobre religião na qual contou aos 25  líderes mais poderosos da China que “ o conhecimento e a força dos religiosos devem ser reunidos para construir uma sociedade próspera que acontece assegurando os direitos de propriedade como base, a lei como proteção e a moralidade como apoio.”(pp..334)

            Ferguson ainda mostra que assim como a cristianismo está quase desaparecendo da Europa, centro da fé cristã do passado, está aumentando sobre qualquer outra religião na China, inclusive o Confucionismo, religião secular da China. Só a cidade industrial de Wenzhou hoje tem 1.339 igrejas crentes aprovadas pelo governo comunista e estão sempre lotadas de fiéis. E, para não esquecer a nossa história, lembremos que América foi invadida por religiosos católicos no sul e protestantes no norte das Américas, porém no sul a religião católica era a oficial e unida aos militares. Já, no norte, a religião historicamente separou-se dos governos. Para alguns historiadores essa situação encorajou a competição e a ética do trabalho entre as varias confissões repercutindo no desenvolvimento econômico norteamericano até hoje.

            Conclave significa fechar as portas com chave para encontros secretos, enigmáticos e misteriosos. O conclave do Vaticano, das Coreas e do Estado Unidos, em segredo, com palavras enigmáticas fanáticas seguem tácticas tenebrosas a fim de conseguir o maior poder e, assim, dominar o mundo, instrumentalizando até o sagrado, para conseguirem objetivos corporativos e pessoais. Quem fecha a porta é que tem medo ou que não deseja mais ninguém em casa. As conspirações afloram nas trevas e segredos de Estado. Mas é o próprio cientista, já citado, que prova que hoje no mundo segredo nenhum resiste mais de três meses, pois a inteligência humana é incontida por muito que se guarde sob sete chaves ou se falseie e ensinem meias verdade nas escolas e universidades que sempre estiveram ao serviço dos poderes constituídos.

            Hoje milhares de profissionais das grandes empresas jornalistas do mundo invadiram o Vaticano, aparentemente para informar o povo sobre o teatro do Conclave e pescar furos jornalísticos sobre a grande novidade dum novo Papa. Quanta formação da opinião invadirá a mente pura dos pobres e excluídos do sistema que, apesar da escuridão e das portas fechas e das ameaças de guerras nucleares, o povo de Jesus das multidões continuará demonstrando que o bem-estar pessoal e social não passa somente pela força das trevas, nem das armas.

            Igreja significa comunidade e uma comunidade jamais pode fechar-se. Ontem reunidos numa família vizinha de casa se debatiam sobre o ridículo que é uma escolha secreta de um líder religioso ou popular. A mãe natureza da qual nascemos, respiramos, comemos, nos divertimos e crescemos está sempre aberta. Todo ser vivo se desenvolve saudável e satisfeito sempre que se relaciona abertamente com todos os membros da comunidade em que se situa.