A diocese de Sete
Lagoas comemora nesses dias os 60 anos da ação evangelizadora entre os
moradores da região. A novidade se concentra na palavra JUBILEU.
O Papa Francisco estabeleceu o Ano do Jubileu da Misericórdia,
dando o sentido à palavra Jubileu que na Bíblia tem o significado do
perdão das dívidas que os cidadãos de Israel contraiam a cada 50 anos
de trabalhos. A
Igreja primitiva seguiu essa tradição de valores das comunidades de fé
(Ac. 2.44-45. A cada 25 anos se proclamava o Jubileu para o perdão de toda
dívida. Mais tarde, se ajuntou o perdão de todos os pecados,
conseqüência da heresia maniqueísta que proclamava a presencia do bem e do mal.
O Jubileu era tempo de indulgência e de perdão total dos pecados pessoais.
Iniciou-se, assim, a conduta subjetiva, responsável da ação individual dos atos
cometidos pessoalmente. Começava a perder-se o valor comunitário para entrar o valor subjetivo que acarrearia a maldita culpa e o supra valor das ações individuais competitivas, cuja consequência é a sociedade meritocrática e neurótica da atualidade.
A palavra MISERICÓRDIA,
expressa o valor de aceitar a miséria humana e elevar-la ao perdão, ou seja, ao
retorno inicial do bem, presente na pessoa humana, feita a imagem de Deus ( Gn.
1.27; At. 3.16).
A alegria do
anuncio do nascimento do Salvador, esperado, na cidade de David, proclamou: “gloria a Deus e paz aos homens a quem Deus tem misericórdia”. A
misericórdia de Deus é experimentada pelos trabalhadores ( Lc. 2.10-14).
Os
fieis, reunidos em casas, vivendo em harmonia, glorificavam a Deus e bebiam do cálice
da Misericórdia em experiência comunitária ( Ac. 2.26-47).
Comunidade e fé se atravessam uma com a outra,
de tal maneira, que podemos dizer que nossa fé tem a comunidade como sua
fundação e que a comunidade tem a fé como sua fundação.
Foi
para anunciar essa Boa Nova do Reino que eu e mais três jovens colegas chegamos
nessa cidade de Sete Lagoas, a pedido dos bispos brasileiros com a missão de fundar e manter o primeiro
seminário da diocese com o objetivo de preparar líderes formadores de
comunidades de fé e ação evangelizadora.
O tempo e os fatos acontecidos na sociedade
americana e internacional e os anúncios do Concílio Vaticano II convenceram aos
fieis de que o comportamento dos ministérios atingisse os próximos e usar de
misericórdia como fez o bom samaritano ( Lc.10.36-37).
A
sabedoria dos fatos do povo mostrava a necessidade de mudanças. Depois
de debater, orar e refletir optou-se por continuar a missão de
evangelizar nessa diocese, mediante atividades mais próximas
da gente. Seguindo as orientações do Vaticano II optamos para trabalhar com os
mais pobres e necessitados.
A
diocese tinha somente 6 anos. Junto com Dom José iniciamos um trabalho com os
moradores da cidade e da roça. Éramos bem recebidos pela gente que correspondia
aos desejos de mudanças, ansiosos de escutar a mensagem da Boa Nova do Reino:
acolher com misericórdia, repartindo bens às comunidades. Esse
acolhimento da mensagem evangélica iniciava um processo de renovação na
sociedade conservadora, porém aos poucos, teve a reação das famílias
tradicionais que se repartem o poder e, com o golpe militar do 64 e a delação
de beatos das igrejas, reprimiram a renovação. A semente da ação da
misericórdia está lançada.
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