quarta-feira, 13 de julho de 2016

APREENDENDO COM O POVO

Estava no ponto central da cidade esperando a lotação para regressar a casa. Sentei no banco do ponto. Fiquei perto de uma senhora, mas deixando certo lugar para outros usuários. Uma jovem branca, aparentando uns 25 anos, senta-se entre a senhora e eu. A jovem e a senhora conversam  Logo a jovem branca me estende a mão esquerda com várias moedas na palma e me pede completar o valor da passagem. Tinha uma nota de dois reais e dei-a para a jovem mulher
 Até aqui todo usual. A novidade aconteceu quando a jovem mulher branca me encara e pede para eu adotar-la, afirmando que ela tomaria conta de mim muito bem. Confessou que seus pais já morreram e não deixaram nada para ela poder viver e morar. Pasmado olhei-a sério e nada disse. Chegou a lotação e subimos eu e a senhora. A jovem mulher branca ficou. A senhora sentou no fundo da lotação e olhando para mim dava um convidativo sorriso. Correspondi, mas sentei solzinho, bem na frente do ônibus.
 Adolescentes, jovens e mulheres se oferecerem aos homens, como meio de sobrevivência, é comum na nossa cidade. Por isso não é notícia que dá ibope. Tornou-se fato social e pronto. Esse fato tem uma causa. A causa desse comportamento em todo o mundo está na desigualdade social que fundamenta a sociedade capitalista, porque essa, ao contrário das outras, se estrutura a base do poder que hoje é dinheiro. O dinheiro, como toda mercadoria é um bem escasso, limitado e que pode acabar. O capitalismo colocou o dinheiro no centro da atividade social. Aquele que detém capital está investido de soberania, tornando-se o senhor, o dominador, o legislador, o patrão, o gerente o dono.
A desigualdade social causa a miséria que se vive hoje nas nossas cidades. Esta causa somente desaparecerá quando em conjunto se aplique a política distributiva e desapareça a desigualdade social.
  

  

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