quarta-feira, 30 de setembro de 2015

COMUNIDADE É SERVIR AO PRÓXIMO


Hoje as pessoas vivem felizes quando possuem seu lugar que significa sua comunidade e sua casa familiar. Casa e comunidade formam o espaço natural das pessoas humanas. A pessoa  cresce e se fortalece na comunidade e no lar familiar e no exercício do direito de ir e vir a todos os lugares ( At.1,8) As pessoas tendem naturalmente a buscar seu bem-estar. “ É agora que o senhor vai devolver o Reino de Deus ao povo de Israel?.( At, 1,6)
O Reino de Deus significa o estado de graça e do bem-viver das pessoas, famílias e comunidades. Não só de Israel ( At. 1,7) nem de Sete Lagoas, Brasil, Lisboa, Europa, senão em todos os lugares e tempos, no movimento da história e do universo.

Hoje a ciência, confirmada até pelos dois últimos Papas, prova que o céu e inferno não são lugares no espaço cósmico, nem no tempo. São, simplesmente, estados da alma do presente que experimenta o individuo, conforme as circunstâncias e condições em que se vive.  No movimento do tempo se descobriu que os espaços são imensos, até parecem infinitos. Pensem na descoberta dos buracos negros do espaço ( Higgs, Hawking). E o próprio movimento do tempo mostra as diferentes vivências que o Divino, presente em todo ser, manifesta de modo único.
Os grandes escritores literários da história, Guimarães Rosa ( Sertão), Garcia Márquez (Macondo), Saramago ( Cidades), assim como os cientistas modernos, confirmam a presença do céu ou do inferno, conforme seja praticada a mensagem do Mestre de servir aos outros como primeiro sinal de humanismo e religiosidade libertadora.
Quando uma pessoa vive, num dado momento histórico, num lugar que, por diversas causas pessoais ou externas não tem condições reais para viver no lugar escolhido, tem o direito natural de buscar outros lugares no mundo onde possa viver satisfazendo suas necessidades básicas.
Hoje, num mundo que jamais na história teve tantos bens produzidos e capitais, mais de um milhão de pessoas abandonam o próprio lugar e, a caminho, por terra, mar e ar buscam outros lugares para viver em bem-estar pessoal e social.
Percebemos que a sociedade tecnológica e rica dos países mais poderosos monta muros e cercas para impedirem aos emigrantes entrarem nos lugares intitulados de nação, pátria ou país.
Como ensinava a professora Conceição Tavares, da Universidade de São Paulo, há muitos anos, um pais que despreza crianças e velhos é um país sem futuro.
A religião e política existem é para servir aos outros sobretudo , os excluídos. A religião e a política são para fazer as pessoas mais felizes, não para dar esmola. O Papa Francisco, desse, claramente, que a verdadeira política é a grande caridade. Caridade que significa colaborar e criar juntos bens e repartir a todos. O resto é paternalismo sem futuro.

 

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A ANARQUIA SURGE DOS PODEROSOS


Hoje de modo direto, a mídia nacional, aliada a internacional, por interesses afins, formam a opinião popular dos membros das comunidades pós-modernas que seguem as orientação desses meios de informação como se fossem a pedra filosofal que explicam mistérios, fatos, fenômenos, acontecimentos, tragédias, conflitos, prazeres, êxitos e fracassos como veracidade indiscutível.

As pessoas da rua já fecham a discussão com o irrefutável argumento: “ A teve, o rádio, o jornal,a revista, a internet o disse” Pronto, assunto encerrado.

“ Quando observada através das lentes de um mundo ordenado, adequadamente construído e funcionando em harmonia, a “ área cinzenta” da solidariedade, da amizade e das parcerias humanas é vista como o reino da anarquia”(Z. Bauman, in Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos, Rio de Janeiro, Zahar, 2004).

No dia 26 de setembro no debate público do Supremo Tribunal de Justiça – STJ- sobre o financiamento de empresas aos candidatos a cargos de governo, o Ministro Sr. Gilmar Mendes, depois de um duro juízo particular sobre o partido do governo atual, quando o Sr, Presidente do Supremo concedeu a fala, solicitada, ao Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil- OAB- o senhor Gilmar, de modo agressivo e palavras disparatadas, abandonou o plenário do Supremo, por cuja função tem, oficialmente, um ordenado de mais de R$. 30.000,00 mês.

O Sr. Ministro agiu como um anarquista por não acertar que a sociedade seja estruturada, também, com harmonia, solidariedade e diálogo e cooperação de amizade, além das leis e acordos estabelecidos de modo consensual na instituição que trabalha no cumprimento de sua profissão social.

Percebemos que os políticos de partidos da oposição proferem palavras imorais, grosseiras e calunias infundadas aos administradores da economia e política atual. Não respeitando, tampouco, as regras e normas estabelecidas dentro do sistema democrático nacional e internacional. A ética de que tanto se fala, hoje, não só uma palavra. A ética etimologicamente significa ser, prática, traquejo, pois as palavras voam, os fatos permanecem.

sábado, 12 de setembro de 2015

SOMOS SERES CARENTES


A carência é a situação natural da deficiência e limitação humana que experimenta todo ser vivo. R

As pessoas e o mundo não foram criados. Eles estão sendo criados no eterno movimento do vida.( Teoria da Relatividade e Mecânica Quantica,Stephen Hwking)  A vida que é alma se movimenta no povo de modo permanente.

A palavra “carece” nos contos e argumento do Grande Sertão, Veredas, tal vez seja uma das palavras que mais estão presentes, indicando o atributo principal dos componentes dos seres da comunidade humana que se nota no ser questionador, pessoa aberta e universal (Perello, 2004 ). Essa qualidade da alma popular é tão expressiva que o pedinte e cego Borromeu foi o escolhido por Riobaldo, chefe do maior grupo de jagunços guerreiros, para montar e estar sempre emparelhado da banda  da mão direita  do comandante. O carente de luz e pedinte de esmolas adivinha a vinda das pragas que outros rogam, e, assim, vão defastando o mau poder delas ( Rosa,1986:393).

A paz e felicidade do Sertão não reside em manipular ou explorar a carência - ciência -  das pessoas, como o faz hoje o capitalismo de ficção e de laços humanos líquidos ( Verdú, 2003; Z.Z. Bauman, Zahar, 2004).

O carente, como observamos, se torna, de fato, o confidente e, por isso, o amigo afetuoso dos membros da comunidade.  Os agentes do povo sempre se dão as mãos para juntos aprender, sonhar, crescer e chegar cada dia mais perto duma sociedade solidária. A vida sae do povo, conjunto de pessoas comunicadas intersubjetivamente nas relações sociais e produtivas que satisfazem o bem - estar  pessoal e comunitário. Os produtos, os fenômenos, as obras e acontecimentos que se forjam, no traquejo quotidiano, formam a rede da vida em que as pessoas se enrolam

A existência do outro constitui o fundamento de toda comunidade e cultura. Porque existe um “você” – alteridade - existe um “eu” – individualidade-. Para que, a existência do outro possa realizar-se na comunidade é necessário condições persistentes, aceitas e entendidas por todos tanto no plano imaterial - sistemas de valores, simbologia - como no plano da prática - instituições políticas, instrumentalização econômica. Guimarães Rosa já adverte que “quando o projeto que Deus começa é para muito adiante, a ruindade nativa do homem só é capaz de ver o próximo de Deus é em figura do Outro”( Rosa,1986:29-30) Como se insinua na longa narrativa épica rosiana esse Outro é o semelhante, o reconhecido igual ao sujeito pensante e prático, criador da imagem do OUTRO – Deus, o Bom  ou da  imagem do OUTRO - o diabo, o Coisa –Ruim.




sexta-feira, 4 de setembro de 2015

QUEM É O OUTRO?

Na palestra, proferida no CONIC, no Isabela Hendrix, BH, o prof. Dr. Erisvaldo, UFOP, MG enfatizou o sentido evangélico do conceito de MISERICÓRDIA, demonstrando que a misericórdia é a novidade da mensagem libertadora do Jesus de Nazaré. Jesus usou um exemplo bem prático para que se entendesse como praticar a misericórdia. Essa prática da misericórdia é narrada pela comunidade de Lucas, capítulo 10, versículos  29-37. 
Misericórdia é descobrir a pessoa que passa por necessidades básicas. O samaritano viu o homem ferido por assaltantes, se aproximou e imediatamente curou as feridas com medicina popular. O carregou no seu jumento e o levou a uma possada para que cuidassem dele até se restabelecer e poder valar-se por si mesmo. O samaritano pagou todas as despesas.
A prática da misericórdia envolve a compaixão, ou seja sentir com o paciente; ficar perto; cuidar, carregar para se restabelecer completamente. Misericórdia é amar ao próximo como me amo a mim mesmo. Misericórdia não envolve despersonalizar-se para cuidar do próximo, antes fortalece o ser de quem cuida. O ser humaniza, liberta. O ter despersonaliza e oprimir os outros que não tem.
Hoje nossas cidades se urbanizam com um núcleo comunitário central que possui bens e domina outros núcleos comunitários que não tem bens, vivendo na periferia, uma vida desumana. São os bairros conhecidos como favelas, mesmo que hoje se denominem de comunidades.
O núcleo comunitário central das cidades que são os possuidores de todos os bens e os que dominam por leis protetoras desses bens e instituições  anunciam constantemente a situação opressora e desumana dos despossuídos, tem até compaixão passageira, porém, poucos se aproximam, param , cuidam, pagam e libertam. Só blá-blá-blá.
Os grupos dominantes fazem campanhas como Criança Esperança, há 30 anos, e cada vez as cidades e países tem mais pobres, famintos, doentes e emigrantes morrendo nos acampamentos, na mar, no trem, nos caminhões..
A atitude do samaritano, que não pertence a organizações legalistas, se torna exemplo do outro. É o outro que faz desse mundo o céu.  O outro que fala, passa de longe, denuncia, dá esmolas e diversões  faz ,desse mundo, o inferno.