Todos os dias, na hora do almoço, convivemos o gozo do sabor
da boa comida caseira junto com o espetáculo gratuito dos vôos rasantes da
variedade passarada que abrem asas pela casa grande. Por esses dias o prazer
foi original. Arte mesmo. Um passarinho de vivas cores, cuja classificação eu
ignoro, pulava de galho em galho no hibisco, verde-prata do quintal com tanta
elegância e altivez que, os dois cachorrinhos, em vez de aguardar as migalhas
que caem da mesa, olham atentamente a dança do desconhecido saltimbanco. No
mesmo tempo vários pardais, pombos, pássaros pretos, pica-paus e sanhaços
posavam pelas telhas do barracão e as cercas de pirajá. Outros beiravam à
piscina a beberem água e, imediatamente, subiam nos muros. As cabecinhas,
inquietas, viravam pra lá e pra cá. Debruçavam e partiam felizes pelo espaço
azul dourado do meio dia sertanejo. Boquiaberta desfrutava do espetáculo da
natureza igual os cachorrinhos.
Alguém definiu
a vida como um banquete. Um banquete que une os membros da família num amor
aberto e crescente. Um banquete, onde se saboreia, cheira e contempla-se a
beleza da culinária sertaneja. Um banquete enfeitado por flores do campo,
pedaços de sol na mesa. Um banquete, cuja presença dos bichos artistas estimula
sobremaneira o apetite da família reunida na gostosura dos prazeres naturais da vida.
A pessoa
sensibilizada com a natureza se eleva, se transforma, se humaniza, se valoriza,
respeita, ri, ama, faz o bem e goza universalmente do Pão nosso de cada dia.
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