Que percussão!
Seriam nove horas de manhã do dia 24 de agosto. A quente luz do sol
matinal, do final do belo inverno, enche de luz o amplo Auditório da Guarda
Municipal da Prefeitura de Belo Horizonte. O Auditório está lotado de
iluminados a espera do início do 1º Seminário sobre o Programa de Desenvolvimento
de Estágio na Prefeitura de Belo Horizonte.
De longe um pianíssimo ritmo de batucada
popular lentamente avança como o largo clarear da alvorada das Gerais.
Incrível! A platéia fica em estado de contemplação mística. O ritmo invade as
entranhas. E gestos harmônicos emergem dos corpos e das almas dos professores,
funcionários e alunos, estagiários das secretarias municipais de Recursos
Humanos e do Planejamento, Orçamento e Gestão, liderados pelos respectivos e
digníssimos secretários e por professores municipais e alunos de Betim e
Contagem e do Centro Universitário Isabela
Hendrix e do da Uma.
Um grupo de alegres adolescentes,
alunos da Escola Municipal Pe. Francisco
sincronicamente se situa no cenário do salão executando um concerto de percussão,
cujo ritmo penetra nas almas dos atônitos participantes. Era o anuncio
espetacular dos acontecimentos que se seguiriam durante o atípico Seminário sobre o estágio, sentido e aceito como ato
educativo. Os alunos sorridentes, balançando os jovens corpos com artísticos movimentos corporais e guturais
davam o recado secular, já na arca dos esquecidos e, hoje, redivivo: “ o mestre não é maior que os alunos e só
apreende quem ouve e o aluno, por ser pessoa humana, é um sujeito inteligente
por natureza”.
A invasão dos jovens alunos artistas e
a manifestação da arte que comunicavam marcou, sim, o ritmo dos trabalhos do
Seminário sobre o desenvolvimento do estágio nas escolas e nas repartições
públicas das prefeituras presentes.
Potencialidades
As potencialidades inatas gratuitamente dadas pelos alunos contagiaram
professores, funcionários e estagiários presentes no Seminário que já se
apresentava diferente dos outros muitos seminários regionais, e nacionais dos
que organizei e participei.
Os mais de duzentos participantes irmanados
pela beleza da arte se integraram numa comum união fazendo fluir livremente as
potências criativas manifestadas pelas idéias e práticas dos conferencistas e
pelo diálogo aberto dos debates que se seguiam no ritmo vibrante da percussão
inicial. No lugar do ruído dos típicos tambores e baquetas sentia-se o forte
impacto das idéias e das práticas profissionais reais locais, nacionais e
internacionais que motivavam todos os participantes na proposta de uma educação
profissional fundamentada no estágio
como “mundo do trabalho e como a prática social” que leva no seu bojo
potencialidades para definir o projeto pedagógico de outra educação brasileira
para a era pós-moderna que estamos vivenciando, integrados nos atributos da
mundialização , aceitos e interiorizados, não mais como uma técnica de
dominação imperialista, atualizada e bem camuflada pelo capitalismo de ficção
da atualidade, mas antes, como uma característica determinante de um projeto
consciente, compartilhado e construído por uma produção de qualidade, por uma
integração científica, por uma geração de mútua confiança, por uma compreensão
das relações humanas, pelo valor da legalidade dialogal e, sobretudo, pela comunicação
e cooperação e entre todos os participantes do projeto de educação e
qualificação profissional, conforme as diretrizes curriculares que equacionaram
a LDBEN , ao conceituar o estágio
como uma experiência prática na linha de especialização, como uma integração
científica, como o relacionamento humano, fundamentado nas relações sociais e
essenciais da produção e como uma extensão e ação comunitária que dimensiona a
universalidade do conhecimento, cuja origem se encontra na própria prática do
saber fazer.
Uníssonos os participantes do 1º Seminário sobre o
Programa de Desenvolvimento de Estágio
na Prefeitura de Belo Horizonte proclamaram que outra educação é
possível sempre que as políticas públicas de ensino deixem, de vez, de serem
uma falácia, para se tornarem um lento e festivo avanço, semelhante ao grupo de
jovens alunos percussionistas que motivaram os receptivos participantes do 1º
Seminário sobre a prática profissional, base do aumento do fundo do
conhecimento e do bem - estar pessoal e social.
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