segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

BEM NASCIDOS


Bem nascidos

            Domingo dia 05 de fevereiro, como todos os domingos, por convicção e tradição ancestral aceita, participei da missa paroquial.  Tenho grande prazer de ir à missa aos domingos, porque me encontro com os amigos da comunidade da grande e complexa cidade onde  resido.Vivo o ensinamento do Mestre: - Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, lá estou Eu entre eles. Que encanto!

            No final da missa seguiram-se os costumeiros avisos das atividades previstas para a semana. Uma das atividades programadas da semana, que iniciava, seria uma reunião de líderes comunitários para serem orientados sobre a Campanha da Fraternidade 2012 que acontece no tempo chamado de Quaresma, em relação aos quarenta dias do jejum de Jesus no deserto. Lugar de reflexão.  O objetivo patente da Campanha da Fraternidade consiste em situar a religião católica e cristã na onda dos tempos do deus mercado. A cúpula da Igreja Católica, orientada por excelentes sociólogos e, claro, teólogos, tenta buscar temas vitais às sociedades contemporâneas.

            Segundo a informação o tema da Campanha para esse ano é SAÚDE PARA TODOS.

            Confesso, Este anuncio caiu na minha mente e no meu corpo como uma benção. Estou convencido e acredito que a mãe Natureza criou-nos sadios. A Natureza é justa e solidária e diferenciada na beleza do ser. O natural estado de saúde se fundamenta na revelação bíblica da criação permanente. – Deus chamou para a vida os continentes da terra e as profundezas das águas dos mares e Deus viu que tudo o criado era bom.

            Além da revelação judaica, outras visões humanas mostram a natureza alegre, bela, exuberante, misteriosa, previsível, benfazeja, como a dos povos da África, segundo relato do antropólogo e político mineiro Darcy Ribeiro, no livro O povo Brasileiro: formação e sentido do Brasil ( 1995): -  O negro-massa continua tendo erupções de criatividade. Esse é o caso do culto a Iemanjá, que em poucos anos transformou-se completamente. Essa entidade negra, que se cultuava a 2 de fevereiro na Bahia e a 8 de março em São Paulo, foi arrastada pelos negros  do Rio de Janeiro para 31 de dezembro. Com isso aposentamos o velho e ridículo Papai Noel, barbado, comendo frutas européias secas, arrastado num carro puxado por veados. Em seu lugar, surge, depois da Grécia,  a primeira santa que fode. À Iemanjá não se vai pedir a cura do câncer ou da AIDS, pede-se um amante carinhoso e que o marido não bate tanto (PP.264-265).

            Nos lamentáveis e preocupantes fatos da greve de policiais que esses dias ocorrem na Bahia com a provocação da profanação da igreja de Iemanjá, o povo manifesta: _  ”. É que ela é como o símbolo, não das religiões monoteístas preocupadas pelo além e pela salvação da almas, com os medos dos infernos. Não. Iemanjá  é reina e  símbolo “da terra misteriosa da felicidade e da liberdade. Imagem da terra misteriosa de África. Saudades dos dias livres da floresta

Feitos do amor

            A convicção e a fé de que todo nascido é saudável, livre, alegre, e belo emerge da constatação que o Pai Criador somente age por amor, porque Deus é amor. Quem ama jamais faz sofrer. O Criador ou a Natureza jamais são sacanas.

            Sim, muitos dirão e até com veemência que está doente. Que conhecem doentes. Que muita gente no mundo sofre. Aliás,  nunca como hoje se sofreu tanto durante a longa história humana, apesar das badaladas tecnologias de I+D. Está claro que eu vejo doentes, fome, guerras, etc. Aqui vejo junto com muita gente  a mistura da luz com as sombras de escuridão, base da grandeza da opção humana.

            O nosso artista plástico Cândido Portinari, cuja restauração do painel Guerra e Paz que preside a sede da ONU , em Nova Yorque, revela as duas formas da vida na sociedade mercantil, privatizada convencionalmente. A Paz representa a vida saudável, inocente, alegre, livre do povo e a Guerra, mostra a brutalidade humana quando se afasta da relação humana comunitária.

            Os enfermos, as guerras e sofrimentos apareceram  no mundo o primeiro dia que os humanos, milhões de anos atrás , pronunciaram essas inconciliáveis palavras : - Meu e Teu.

No Evangelho da missa, desse mesmo domingo, vimos o Mestre curar enfermos e expulsar demônios. Jesus sabia que tudo, na criação, é bom. Enfermidades e demônios surgem da mente do homem não relacionada amorosamente.

A Campanha da Fraternidade retorna no início da criação que é agora. Depende das relações que sejam reestabelecidas.  

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