sexta-feira, 2 de setembro de 2016

DESABAFA, CORAÇÃO

 D E S A B A F A,  C O R A ÇÃ O!
         Jorge Ssolivellas Perelló
  Escritor e professor. E-mail:jorge.solivellas@gmail.com

Eu sou livre. E para poder ser livre vivo em minhas escolhas pessoais de cara ao bem dos outros que conheço, que amo e aos quais me dedico, porque quero, precisamente porque sou livre como o passarinho que voa, canta, suga o néctar das flores do campo, dos jardins das cidades e pousa na árvore que escolhe para confeccionar seu ninho de amor.
Segui as orientações dos meus mestres e escolhi, em grupo de amigos, vivir em Brasil, em Minas e na cidade bela, por natureza de Sete Lagoas. Ao cair da tarde do dia da minha chegada a cidade, ao descer do Setelagoano, junto com Chico Cotta e colegas, pulei de alegria ao admirar a Lagoa Paulino com a ilha do Milito. Encantado gritei: - Vejam. Estou em Mallorca, em Veneza, em Ansterdam! –
Fomos instalados no colégio Dom Silveiro e Seminário São Pio X. Nossa missão era formar líderes para ter um Brasil livre das ideologias dogmáticas dos anos 60. Dei aulas, curos, palestras, organizei junto com Raimundo Figueiredo, Laerte, Joaquim de Pompeu mais de 100 sindicatos rurais e com Dirceu e Zoé o movimento de jonves Gente Nova , juntamente com o jormal semanal com o mesmo nome. Algo diferente acontecia na região e no Brasil. Veio a reação fascistas de sempre e houve presos, mortos e a disperssão, mas o ideal da liberdade continuava.
Junto ao Pe. José Maria de Man fundou-se a Universidade de Trabalho, hoje Unileste, no Vale do Aço, logo em Contagem e Betim. Na Puc. MG, por mais de 20 aos organizei a relação trabalho e estudo em todos os cursos e campi e como coordenador de cultura as artes começavam a fazer parte da  formação profissional dos alunos da universidade. Pela arte organizada nos bairros mais pobres de Belo Horizonte, se iniciava, indiretamente, uma terapia eficaz para adolescentes e jovens viciados nas drogas que o sistema sustenta.
Agora idoso, o estado de togados, favoreceu outro golpe as legalidades e as liberdades e aquí estou sentindo que a liberdade voltou a ser algo subjetivo. Não posso estar triste, porque sei que a liberdade está dentro de mim. Amo-a. Defendo-a com carne e unhase com todos os meios ao alcance.
Estando falando comigo mesmo estes fatos da vida da gente,  sentado num banco da venida J. Soalheiro, um grande amigo que estava passando, pára e me disse: - Oh, Jorge, está falando sozinho?- Estou repensando minha vida e ação nesse Brasil.- respondo-
O amigo senta-se junto a mim e, já imaginando o que pensava, considera: - Amigo, também sinto que estamos passando momentos de repressão, bem semelhantes, ainda que distintos dos que vivemos nos anos da ditadura militar. – Confirma. Hoje a repressão as liberdades são executadas pela lei. Os juízes pensam que todo o que legal é legítimo. Que cumprindo a lei está tudo certo e justo.
Disse-lhe com ênfase. – Para mim amigo, essa situação é pior que a repressão das armas, porque o estado dos togados, também manejam sempre que necessário as armas dos militares e o uso em vão do nome de Deus. O estado brasileiro está-se tornando um estado teocrático, mesmo que a Constituição Federal proclama que o Brasil é um Estado laico, onde todos as religiões podem agir com liberdade, mas o poder está no Estado Democrático de Direito, coordenando todos os demais poderes civis, religiosos, políticos e econômicos. A democracia, no mundo tornou-se um mito e um rito. A semana que passou estava, em BH, numa reunião de liderenças religiosas- O CONIC – para o Encontro Estadual e um juiz do Tribunal Regional Eleitoral nos orientava de que, na democracia, o mais importante era o voto e dava suas razões. Mas vários líderes retrucavam-lhe que o voto forma um elemento importante na democracia, porém que o mais importante é que os cidadãos participem de decições da política local, regional e até federal. Ser didadão significa ser livre e autónomo como pessoa e como membro da comunidade que vive. A discussão ficou quente. Na democracia participativa o cidadão é livre. Somente assim se evita o voto cabresto. O juiz insistia que na américa Latina o povo não está preparado para ações livres. Precisa de vigilância e leis.-
-Esse golpe é mais repressivo, porque obriga, castiga e prende com a ajuda dos militares e o apoio da grande imprensa que vive dos apoios as grandes organizações industriais, financeiras e militares. Veja a brutal repressão aos manifestantes de São Paulo, a cidade mais capitalista do Brasil.
O amigo insistia para que não desanime, pois o tempo, com tempo e muita paciência arruma avança para o novo.
- Amigo, a sociedade muda muito devagar. A mente humana muda nunca. Só mudam os meios, a técnica, mas a mente não muda, porque as forças da opinião imprimem carácter.
O que fala meu coração reside na minha mente. Porém percebo que essa mente humana manifesta algo que é sobre humano. A mudança, na história começa pela mente na sua totalidade natural e sobrenatural. 
 

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