Conversa aberta
Oh gênio José Saramago, obrigado milhares de vezes pela descrição tão
realista da situação da presente sociedade democrática ocidental e, de rebote,
da outras sociedades desse nosso aflito
Planeta Azul, partícula do equilíbrio do universo flutuante.
Mestre, a arte emergente do romance Ensaio sobre a cegueira e Ensaio sobre a
lucidez resultam a mais visível e palpável visão dos efeitos do regime
democrático, retirado das arcas poeirentas da história grega e trasladado pela
fortalecida burguesia do século XVIII às novas nações da Europa e dos continentes
americanos em rebelião contra regimes antigos de governar as jovens nações,
ainda em desenvolvimento.
O que tem a ver a velha cultura grega
com as novas nações que hoje marcam a história universal?
Doutor Saramago, como vê peguei
emprestado o título desse artigo A Casta Democrática, porque convivendo numa
comunidade organizada institucionalmente como democrática sua frase retrata de
modo legal o estado de uma cidade administrada, poder-se-ia- dizer, dentro da
igualdade, liberdade e fraternidade, princípios da democracia desejada.
Mestre Saramago, nos seus dois
romances que analisam a sociedade moderna falar de casta democrática parece uma
contradição, pois casta é uma palavra que se refere à raça, a linhagem, a uma
classe, a uma religião. É uma palavra que conota divisão entre pessoas de uma
comunidade. Pior ainda, Mestre, perceber castas ou classes dentro de um regime
democrático resulta difícil de engolir.
Oh, amado e
fervoroso leitor, você não caiu no conto de que estou sendo bastante gozador
frente à sociedade que se define legalmente democrática, mas que os membros que
convivem entre si, se comportam de modo contrário a uma sociedade igualitária,
fraterna e livre?
Devoto
leitor, presta atenção a narração dos romances e observará que a lei somente serve
pra encher papeis, mas que o que vale é a força do mais poderoso.
No Ensaio
sobre a cegueira são as autoridades, apoiadas pelos militares que colocam em
quarentena os primeiros cegos que aparecem na cidade a fim de não contagiar os
demais moradores. As autoridades vêm à cegueira como epidemia que contagia a
população como um todo, como realmente acontece com a democracia que faz que os
habitantes se convençam de que são livres para qualquer ação pessoal e
comunitária. Mas a realidade social os encerra nos hospitais, manicômios e
cadeias mil, vigiados pelos militares que também foram contagiados pela
epidemia da cegueira, mas conservam e usam as armas fatais para coibir os
cidadãos cegos. Esses, amigo leitor, formaram varias castas de marginais que
serão explorados pelos cegos mais expertos. Quando os cegos oprimidos não
possuem mais bens para pagar impostos aos poderosos, vem-se forçados a entregar
os poucos bens que tiraram de suas casas, agora, fechadas, invadidas ou
arrombadas.Agora a casta dos expertos até obrigam a classe despossuída a
oferecer suas mulheres e namoradas para serem estupradas pelas castas
dominantes. A única mulher que não cegou liberará violentamente essa vergonha e
opressão. Uma mulher!!!
Mestre,
Saramago, Nobel de Literatura, pelo que
posso perceber a epidemia democrática
cegou os moradores das cidades e são explorados como os escravos da
sociedade que inventou a democracia que hoje invadiu as nações, cuja cegueira
não pode ver que as crises financeiras, desemprego e miséria atual são
conseqüências das castas dominantes que imperam nas nações visando seus
interesses somente,
Prezado leitor, essa é a mensagem que pretendi
passar aos meus leitores, mesmo, assim, a cegueira democrática segue
coexistindo, apesar de estar em quarentena mundial.
Querido
leitor, você poderá ler no romance Ensaio sobre a lucidez que uma vez que os cegos
recobram a vista e as autoridades convocam eleições gerais 80% dos eleitores da capital votam em
branco. Os políticos, os militares e polícias
começam a perseguir os eleitores para descobrir a conspiração popular dum pais que
se quer libertar da cegueira dum regime opressor.
Obrigado
Mestre José Saramago pela possibilidade de enxergar a realidade da sociedade
atual em que estamos vivendo e morrendo, mais morrendo que vivendo. Obrigado,
porque o voto em branco significa que a população iniciou um movimento popular
para mudar radicalmente o modo de governar da atualidade
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