segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

LAICISMO LIBERTADOR



Desde o primeiro instante que o Papa Francisco apareceu, no dia de sua eleição, no tradicional balcão do Vaticano, para saudar e abençoar a multidão presente e os milhões de telespectadores das tevês mundiais, perceberam o primeiro grande-pequeno costume. Se apresentou somente de batina branca e solidei simples. Sem estola dourada, nem sobrepeliz bordado a ouro. A segunda surpresa foi pedir aos fieis do mundo que rezem por ele.
A partir desse dia foi rompendo tradições. Não aceitou morar no quarto do Palácio papal e continuou, até hoje,morando no hotel dos hóspedes que acudam ao Vaticano. Continuou usando os sapatos normais de sempre. Nem mudou a cor das meias que usam bispos e papas.Símbolos de poder.
Conforme observamos e somos informados pela imprensa mundial, quase todos os dias nos surpreende com gestos e com palavras de sabor evangélico, como nunca antes visto. Recentemente, na Capela Cistina, centro do Vaticano, batizou crianças de pais somente unidos pelo amor, sem os rituais tradicionais de uniões de casais.
Em seus pronunciamentos públicos constantemente convida a imitar os gestos do Jesus dos Evangelhos; de dedicar-se mais aos irmãos que aos ritos religiosos. Pede aos cardeais, bispos e sacerdotes que deixem as sacristias e vivam nas ruas, junto dos cidadãos, sobretudo, os mais pobres. Não perde oportunidade de misturar-se e abraçar e defender as pessoas abandonadas e exiladas.
Seus gestos mostram o comportamento puro do Evangelho e a rotura de rituais, próprios dos fariseus e sacerdotes, classes religiosas do tempo de Jesus. 
Assim aconteceu domingo, dia 18 de janeiro de 2015, em Filipinas, no campus da universidade Santo Tomás de Aquino de Manila e ante 30.000 jovens, quando a menina Jun informou a vida que levou de abandono, tortura, estrupos, trabalhos de escravidão nas ruas das cidades. A menina Jun perguntou ao Papa: 
 - Por que Deus permite isso?
 Francisco a abraçou e chorando disse:  
- " Menina, Você me fez a única pergunta que não sei responder"-.
O Papa levava nas mãos o discurso para fazer aos jovens. Ante esse fato real, esqueceu o discurso e, de improviso, falou: 
Precisamos chorar, chorar ante a miséria de pessoas que sofrem. Chorar por esse mundo moderno que ignora o sofrimento dos pequenos, dos pobres e idosos abandonados. Chorar por nós mesmos pela insensibilidade em que uma educação falsa nos formou.
Nesse mesmo dia ante mais de seis milhões de fieis reunidos para a missa na cidade de Manila anunciou que "a grande ameaça ao plano de Deus é a mentira". Suas palavras e exemplos colocaram em cheque- mate a todos os líderes dos governos e das comunidades, famílias e centros de educação.

A religião verdadeira, segundo o Mestre, se fundamenta no cuidado dos outros, jamais em ritos, como hoje imperam na igreja.

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