terça-feira, 28 de janeiro de 2014

PENSANDO AS FÉRIAS 2014

Durante o período de férias a curiosidade natural da gente fica mais aguda. Penso que dever ser pelo domínio quase total que possuímos de nosso tempo e das diferentes atividades livremente escolhidas. Durante os vinte dias de férias não toquei nem uma só vez o telefone fixo. Não recebi nenhuma carta de banco, nem de propaganda dos produtos de mercado, nem de oferta de mulheres da programa postas na Internet de toda hora. Não usei uma só vez o Note Book. Não mandei e-mails. Recebi, mas não li. Tampouco li jornais, nem escutava os telejornais infestantes de cada hora. O celular usei somente para tirar fotos de gente e objetos naturais que despertavam ainda mais a minha curiosidade que me guia a aumentar o conhecimento e, por isso, ser menos ignorante. Depois de quarenta anos voltei a jogar sinuca com meu neto de dez anos. Interessante. Sinuca é como andar a bicicleta. Não se esquece e até ganhei de dois pontos ao meu neto que morria de rir de meu espanto. Contemplei, gozoso, as brincadeiras, risadas e choros dos netos. Admirado aplaudi um banhista idoso caminhando entre as ondas do mar, já desfeitas na branca praia. O homem estava praticamente nu. Andava como se fosse o dono da quilométrica praia, repleta de turistas de todo gênero humano. O homem demonstrava ter completa autonomia de sua personalidade e do cosmos. Apreciei o domínio total da situação. As outras pessoas que o olhavam o respeitavam de modo venerável. Sua qualidade seduzia. O relógio era meu corpo e a intensidade da luz solar, acompanhada do imponente calor tropical, desse mês de janeiro, cooperavam as mudanças de atividades não programadas, mesmo que necessárias como comidas, bebidas baralho e conversas fiadas nos botecos de praia. Depois do matinal e rápido banho de mar na praia mais charmosa do Rio visita junto com o filho maior as famosas peixarias do mercado de São Pedro, em Niterói ou da Barra da Tijuca. Muitos dos peixes ainda pulavam levemente e os olhos pareciam que me miravam. Pescado fresco e relativamente barato. A brisa do mar, os peixes frescos na cesta, as bronzeadas morenas balançando nas quentes areias, os jogos, risadas e corridas dos netos e amigos, as sestas vespertinas e as noitadas nos bares satisfazem as sadias curiosidades da gente e de todos os que praticam os prazeres dessa vida, feita para gozar. Opções Lembro que, de volta das férias, uma senhora que estava sentada ao meu lado nas cadeiras do avião comentava que é muito agradável ir de férias a uma grande cidade como Rio que, além das praias, paisagens e florestas ostenta fabulosamente programas culturais de todos os tipos e gostos, desde teatros, revistas, exposições, museus, festas e shows internacionais, livrerias e comércios que podem satisfazer toda curiosidade dos turistas e moradores. A cidade oferece opções para todos os gostos. Durante esses 20 dias de férias lí três livros, uma biografia de um grande empresário mineiro, um livro sobre afirmações positivas e outro do educador brasileiro Paulo Freire. Para mim a leitura é como o ar que respira minha alma, por isso, nem nas férias deixo as leituras. Isso sim, são leituras que ainda não conhecia. Nas férias as leituras, como as comidas são melhor digeridas, porque temos mais tempo que para incorporar a nossa identidade. Mesmo em férias, a realidade social não muda e seu condicionamento intervém em nossas vidas, mesmo que não desejemos. As instituições básicas demandadas pela comunidade de todas as cidades continuam marcando os passos de nossas vidas. A ilusão de mudar os horários, a cidade, os programas, as comidas e gostos faz muito bem a gente. O sonho de mudanças sempre acompanha a gente e esse sonho faz sentir que somos cada dia um pouco mais de gente, apesar dos condicionamentos dessa sociedade que nos abre para perspectivas projetivas e na esperança de mudar para melhor sempre.

Um comentário: