Desde o histórico e retumbante
movimento social de Junho 2013 o atávico problema de saúde no Brasil veio a
tona nas primeiras páginas dos informativos do país e até do mundo. A população brasileira se cansou do
descaso nacional à saúde pública e privada.
O governo Federal respondeu aos
justos apelos da população com vários projetos pra já. Entre eles o Projeto
Nacional de Mais Médicos. Ou seja, colocar médicos, prioritariamente, nas
periferias pobres das grandes cidades e nos povoados e cidades do interior,
onde quase nunca aparecem profissionais da saúde para o atendimento básico as
necessidades da população. Não se esqueça leitor, que a saúde é um direito
humano inalienável declarado solenemente pela Organização Nacional das Nações -
ONU-.
Surpreendentemente este Projeto Nacional
tem encontrado a oposição ferrenha dos Conselhos Regionais e do Conselho
Nacional de Medicina. Ninguém ignora a poderosa corporação que formam os
médicos no Brasil e junto com eles as organizações transnacionais dos
laboratórios, fabricantes de remédios.
Por que será que, justamente os
fiadores da saúde, são contra o Projeto Nacional de Mais Médicos para o país?
Pela lógica os profissionais
dedicados a saúde da gente e que juraram o compromisso profissional de cuidar
da saúde do povo, por cima de qualquer outro interesse, deveriam ser os
primeiros a aderir e aplaudir projetos que tendem a cuidar a saúde.
Amigos leitores, este fato mostra a
cara do sistema social desumano que montamos. Prestem atenção para poder
entender essa contradição.
Além de escritor profissionalmente
durante mais de trinta anos foi professor universitário e orientador vocacional
e profissional de milhares de estudantes. Esta convivência diária, até hoje, me
fez descobrir que os estudantes, em geral, apoiados pelas famílias de qualquer
classe social, buscam profissões que garantem um futuro de bem-estar pessoal e
familiar e uma posição social privilegiada. Esta situação mostra que as
profissões mais rendosas e privilegiadas pela sociedade são medicina, entre
algumas outras, que mudam, conforme o mercado. Consciente ou inconscientemente
os estudantes querem a profissão que dá garantias certas de sucesso e
rendimentos. Esta situação se compreende dentro das idéias vindas do mercado de
trabalho, sustentado pelo capitalismo e que marcam o comportamento de pessoas,
famílias e comunidades. Estou de acordo em procurar o melhor, mas que o melhor
seja para todos, sem exceções mesquinhas. Somos todos iguais perante a lei,
reza nossa Constituição e o direito natural.
A lógica do capital
O Papa Francisco em
sua visita histórica no Brasil, em julho desse ano, explicava aos 3.500 milhões
de jovens reunidos na emblemática praia de Copacabana e, via meios de
comunicação, ao mundo inteiro, que a sociedade contemporânea está dominada pelo
capital, administrado pelos grandes bancos e financeiras. No centro da
sociedade está o capital e nas periferias pobres e idosos abandonados.
O capital, também conhecido como lucro é o
prêmio dos vencedores no jogo do mercado e que se tornou o jogo da vida. Quem
domina o mercado, domina o dinheiro e o poder. Por isso os vencedores desse
jogo reservam as fatias do mercado, que dominam, para seu proveito.
Teoricamente se ensina que todos podem entrar no jogo do mercado. Todos os
cidadãos do mundo podem concorrer ao prêmio do capital, porém somente os mais
fortes superam as dificuldades e passam sempre na frente.
Os médicos do Brasil,
em geral, incorporados nos Conselhos Regionais e Nacional e unidos as empresas
transnacionais dos laboratórios de fármacos se opõem de um modo ferrenho a que
outros grupos entrem na área da saúde que é dominada por ele e ao seu gosto. A
oposição dos profissionais da área da saúde acontece por medo de perder o
reserva do mercado que, crêem é propriedade deles.
Os médicos e
laboratórios, ainda que em menos contumácia, também se opõem a medicina popular
que preserva e cura a saúde dos cidadãos. Os profissionais da medicina descriminam
os cidadãos que cultivam ervas com propriedade curativa, ou os cidadãos
curandeiros. Essa discriminação, sutilmente vem acompanhada pela gozação e
desrespeito pelos que se dedicam a medicina popular.
A propalada exigência
dos ministérios da educação e formação profissional da revalida dos diplomas
dos profissionais que optam exercer a profissão em outros países é, também uma lei colocada para
garantir a reserva ou monopólio dos mercados. Trata-se da mesma teoria falida
da avaliação ou exames dos estudantes nas escolas. Ou os testes profissionais
para conseguir emprego. Tudo se trata de simples reserva de mercado e de
escolhas por interesses pessoais. Nos países da Europa já se suprimiu essa
exigência descriminatória da revalida dos diplomas. Qualquer cidadão de
qualquer país pode trabalhar nos países de Europa e até pode ser candidato a
governos, desde que entre num partido político legal, ou seja aceito por todos.
Vejam como os
jogadores famosos de futebol entram em qualquer país do mundo sem exames de
língua, nem de diplomas de educação física. Por que essa discriminação? Está
claro. Na transferência dum bom jogador os clubes compradores querem ganhar
títulos para ganhar muito dinheiro.
Os profissionais da
saúde necessitam repassar, urgentemente, o juramento profissional que fizerem
com toda solenidade no dia da formatura, dia de grande alegria pelas famílias
dos formados que iniciam uma carreira promissora. Toda profissão se fundamenta
no serviço à comunidades.
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